Avenida Paulista, à segunda vista

Tudo bem que o nosso primeiro encontro não foi dos melhores e a Avenida Paulista, à primeira vista, não impressionou nem um pouco que eu não vou mentir. Então, com direito à companhia da minha amiga Gio e seu filhote João para passeios na cidade e tudo, lá vou eu para a Paulista bem disposta a conhecê-la um pouquinho melhor. Dessa vez, a pé.1

O roteiro foi basicamente visitar a exposição de Goya no Museu de Arte de São Paulo (MASP), com direito a uma visitinha ao Parque do Trianon e parada obrigatória nas feirinhas de domingo.

Feiras de artesanato e antiguidades

Uma tentação para os consumistas de plantão e uma ótima opção para os curiosos de carteirinha e colecionadores. A Feira de Arte e Artesanato Trianon fica em frente ao Parque e, além de quadros, bolsas, trocinhos para decoração, luminárias, máscaras e retratistas, você encontra yakissoba, tempurá, acarajé, doces e outras comidinhas. A dica é pedir para viagem e comer no parque, bem em clima de piquenique. Aliás, foi o que fizemos.

A outra é Feira de Antiguidade e Arte Masp – que fica no vão embaixo do museu –, organizada pela Prefeitura Municipal em parceria com a Associação dos Antiquários do Estado de São Paulo. É a mais tradicional feira de antiguidade da cidade. E mais legal que a de artesanato, pra dizer a verdade, pela variedade de objetos únicos, do tempo da vovozinha, alguns bem inusitados. Lá você encontra lunetas, prataria, cristais, marfim, cartazes, jóias, relógios de pulso e bolso, moedas e medalhas, telefones antigos, tacinhas, brinquedos, santos, quadros, gravuras, bengalas. Há de tudo. As duas funcionam aos domingos, das 9h às 18h e das 10h às 17h, respectivamente.

1 Coisa importante percorrer a avenida à pé, ainda que em doses homeopáticas de caminhada. Ou você pode deixar passar batido muita coisa legal. Os que chegarem à Paulista de Metrô, devem desembarcar na Estação Trianon/MASP. Fica realmente perto do museu e do parque e mais fácil de chegar, impossível. Não tem erro.

Um refúgio em plena avenida

Vista geral do Parque. Ainda tem fonte, ponte e parquinho para crianças.

Banquinhos de praça, vegetação nativa preservada, bom policiamento. Uma bela surpresa para mim, que ignorava completamente a existência do local e mesmo para Marcel (marido da minha pessoa), que já ouvira falar. O Parque Tenente Siqueira Campos, ou Parque Trianon2, está localizado em plena Avenida Paulista, em frente ao MASP. Aliás, o parque foi inaugurado junto com a abertura da própria avenida, em abril de 1892.

Pombos (o parque é cheio deles) e Marcel, com o gibi “Lostinho”,
emprestado por João.

O Trianon foi criado sobre uma floresta exuberante e, mais tarde, foram introduzidas outras espécies. Na sua flora, podemos ver árvores como o cedro e o pau-ferro (nativas), jatobá, palmito, sapucaia e jequitibá-branco. Habitam ali, embora não os tenhamos encontrado, esquilos, sagüis e aves como rolinha, periquito, bem-te-vi, pica-pau, joão-de-barro e sabiá-laranjeira – já que o parque é um dos poucos lugares da cidade em que há condições para a reprodução desses animais.

E o lugar é agradável por demais. A área, que já foi símbolo de riqueza e ponto de encontro da elite intelectual paulistana, é hoje um lugar bem mais democrático. Ideal para descansar, jogar conversa fora e ler um bom livro – ou gibi (!). Dessa vez, ficamos apenas no começo, mas são mais de 48 mil metros quadrados para explorar em futuras visitas.

Eu, que vos escrevo, Gio e João.

2 A denominação “Trianon” deve-se à existência de um belvedere, projetado pelo arquiteto Ramos de Azevedo, construído em 1916 – no local onde hoje está o prédio do MASP – e demolido em 1950. Em 1931 recebeu o nome atual, em homenagem a Antônio de Siqueira Campos, um dos heróis da Revolta Tenentista. In: http://pt.wikipedia.org/wiki/Parque_Trianon