domingo, 16 de agosto de 2009

Dar de cara com a personagem da sua leitura no meio da rua é o maior barato.

Comecei a ler Don Quijote de la Mancha, de Cervantes. Fazia um tempo já que havia comprado o exemplar – uma edição comemorativa do quarto centenário da obra, da Real Academia Española (ohhh!). En Español, lógico, que é pra desenferrujar la lengua. Parece coisa cara, mas me custou, na época, R$30,00 na Cultura.

Pois bem. Qual não foi o meu espanto a me deparar com ele, Don Quijote, montado no seu cavalo Rocinate, acompanhado pelo inseparável Sancho Panza, assim, no meio do Conjunto Nacional, na galeria principal – que, pra os que não estão familiarizados, é um shopping que fica na Avenida Paulista e abriga a maior das livrarias Cultura.
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A obra “Uma aventura quixotesta” foi criada pelo cenógrafo Sílvio Galvão, sob a coordenação do artesão Sandro Rodrigues. As esculturas são de causar espanto mesmo, gente, de tão belas. Todas elas construídas a partir do lixo. E não foi apenas a pessoa que vos conta que ficou encantada não. Há ali uma riqueza de detalhes, de texturas e cores que se complementam de um jeito que não há criatura que fique pelo menos um tantinho surpresa – que, estou certa, é a intenção de todo artista, não acham?

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Só para vocês terem uma ideia, foram usados: 150 quilos de plásticos e sucatas; 2.000 latinhas de Coca-Cola; 4.000 tampinhas de garrafas de cerveja; 120 câmaras de bicicleta; 2.000 lacres de latinhas; 10 quilos de retalhos de pano e 30 quilos de papel. Fora escova, pente, telefone, mouse, capa de celular, plásticos de eletrodomésticos e outros objetos que, de tão integrados à obra, esse par de olhos aqui não conseguiu identificar. E tudo isso faz parte do Programa Permanente de Coleta Coletiva do Conjunto Nacional, executado pela Cooperaacs (Cooperativa de Arte Alternativa e Coleta Seletiva).
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Era um domingo. Voltei para casa louca para continuar a ler as aventuras do fanfarrão do Don Quijote. Confesso que está dando um trabalho horroroso destravar o Espanhol nas minhas leituras a caminho da labuta diária. Já li outros dois livros, no nosso bom e velho Português, enquanto isso.
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O Coisas já mostrou aqui uma deusa nipônica criada a partir do lixo pela mesma cooperativa, lembram?

5 comentários:

Anônimo disse...

Milena,
O Conjunto Nacional já é um charme - gosto muito -, as esculturas são lindas e homenagear o personagem Dom Quixote é no mínimo fazer os jovens conhecer a importante obra de Miguel de Cervantes.
Abraço,
José Damião Vasconcelos

Rachel disse...

Milena,

uma dica fora de contesto: a coleção da folha dos grandes museus do mundo por R$ 14,90 tá valendo ein?? fica esperta!

beijos

εïз mi disse...

josé_também gosto muito do conjunto nacional. sinto-me bem à vontade naquele lugar. e tem razão: embora conhecesse as personagens e colocado o livro na minha lista de leitura obrigatória, só agora, aos quase 27, tomei vergonha! rs

rachel_adoreeeei a dica! que pessoa atualizada, não? foi lançada hoje, a danada da coleção! ainda tem né? amanhã, nas bancas? tem sim!

beijos

Anônimo disse...

Milena,
Es uma jovem, pois tenho 28 anos e só estou no começo da juventude. Rs rs...
Mas quando falo de jovens, digo, os alunos do ensino médio, na minha compreensão, o livro Dom Quixote deveria ser leitura obrigatória, assim como, Iracema, Guarani, Brás Cubas, Dom Casmurro. São obras, normalmente, usadas para o vestibular.
Abraço,
José Damião Vasconcelos

adolfinho disse...

obrigatório devia ser a bíblia.