terça-feira, 18 de agosto de 2009

Enquanto isso, no corredor de ônibus...

Hoje, numa manhã garoenta (que aqui ainda é a terra da garoa), esperando o busú no corredor de ônibus de uma avenida bem movimentada, fui abordada por uma senhora, muito animada. Eu devo ser convidativa às pessoas, ter cara de boa amiga, apesar desse olhar sério. Será? É que o meu avó me ensinou a nunca abaixar a cabeça, a encarar as pessoas de frente. Desviar os olhos me faz sentir covarde, parece sinal de fraqueza.
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Enfim... a senhora. Ela, cabelo curto, blusa fininha verde e calça bege, se aproximou enquanto eu, de cabelo espetado pela chuva e me sentindo bem pouco agasalhada (ainda bem que durante o dia esquentou), já estava perdendo a esperança de chegar no horário.

- Aqui não passa ônibus pra Sé?

- Não sei, senhora... desculpe.

- Ai, mas hoje ta demorando, né? Eu vou pra Moema. Tenho cinco minutos pra não chegar atrasada no trabalho. Acho que vou pegar o Terminal Bandeira...

- É, demora mesmo! E eu também vou me atrasar, pelo que vejo.

- Qual é esse? Terminal Varginha. Não, vou esperar o próximo. Quantos anos você tem?

- 26.

- A minha filha tem 28. Ela me disse esses dias: mãe, eu lembro quando a senhora me ensinou a dizer “varrrgem” (assim mesmo, com o erre bem puxado)! Comida, sabe? Vargem?

- Sei, sei.

- Ela me dizia assim: mãe, compra vagina. E eu: é vargem, minha filha!

O ônibus chegou e ela saiu falando “Viu, só? Vocês nunca esquecem o que a gente ensina!”. Fiquei rindo (horrores). Até que o meu ônibus finalmente resolveu aparecer. E, já sentada, me deu um estalo: mas não é uma “varrrgem”, gente. É vagem! A gente nunca esquece mesmo. Problema é quando a gente aprende errado...

5 comentários:

Anônimo disse...

Milena,
Alguns diálogos são ótimos, sempre uma aprendizagem. O problema é quando estamos concentrados, por exemplo, lendo o jornal no transporte coletivo e a alguém fica puxando assunto.
E quando resolvem falar dos seus problemas pessoais!!!!
Abraços fraternos,
José Damião Vasconcelos

adolfinho disse...

eu acho que a filha dessa mulher nunca compraria uma vaRRRgem no mesmo local que compraria uma vagina. então tá tudo bem.

Rachel disse...

ehhehe...
eu não gosto não de muita conversa quando estou esperando o busú ou dentro dele. anti-social? nem ligo!

se bem que , às vezes, aparecem umas pessoas que valem a pena, pelo menos pra gente rir!

beijo

Isabella Araújo (Zabella) disse...

mulhe-é...
esse teu blog devia mudar de nome, devia se chamar dentro do coletivo!
e eu não me aguento com essa história... kkkkk!!!

εïз mi disse...

josé_recomendo o diálogo do vovô e da eva, neste mesmo bloguinho! uma dessas conversas interessantes rs
http://coisasdesaopaulo.blogspot.com/2008/04/o-vov-e-eva.html

ton_mas ela pediria uma vagina no lugar que ela compraria uma varrrgem, não?

rachel_as pessoas vem direto em mim! não sei o que é isso, viu? será que eu faço algum sinal de "pode vir, pode chegar" e não sei?

bella_se eu te disser que lembrei de tu? na hora! não sei por que acho que esse é o tipo do diálogo que poderia acontecer contigo também!

e dentro do coletivo, né? luís me processa rsrsrs

love, love, love!