Vocês, que já andaram de coletivo, sabem do que eu estou falando. Vamos restringir esse conceito de coletivo para o bom e velho ônibus, o busú. Pois eu me recuso a sair correndo atrás do busú. E já perdi vários, já me atrasei inúmeras vezes por essa recusa orgulhosa de correr atrás do ônibus, acenando freneticamente, num implorar de gestos amplificados pela certeza de que o próximo coletivo há de demorar pacas.
Há os que caem, colegas. As velhinhas que tropeçam, os saltos que quebram nessa missão quase impossível de parar o coletivo. Tem gente até que grita enquanto abana uma mão e segura uma sacola pesadíssima com a outra: “Seu motoriiiiiista!”. E há os motoristas filhos de boas, digamos... ah vá! Os filhos da puta mesmo. Esses que arrancam com tudo, no maior sacolejo. O maior prazer na vida desses seres deve ser ver o engravatado que acabou de subir, atrasando-lhe a viagem, esbaforido, com aquela cabeleira entupida de gel, se esborrachar inteirinho.
Não generalizo, que fique claro. Há os que são cavalheiríssimos, se existir tal palavra. Dirigir um ônibus – ou o que quer que seja, convenhamos – numa cidade como São Paulo não é coisa das mais agradáveis. Imagino que é de se estressar o ser humano viver no tão badalado trânsito, apesar dos corredores de ônibus. Outro dia ouvi um motorista comentar que aquele percurso iria durar duas horas e meia, porque as ruas estavam todas paradas. Calcula quanto recebe um cidadão desses para nos conduzir o mês inteirinho acima e abaixo, ouvir a galera xingando e ter que ficar parando para os bocós atrasados (grupo no qual eu me insiro).
Hoje mesmo perdi o busú. E não me fosse o relógio adiantado quase meia hora, a catraca iria denunciar esse deslize na folha de ponto do final do mês.
4 comentários:
tb me recuso ein a sair correndo pra pegar o busú. sempre acho que vou cair, que não vai dar tempo e tal. então eu passo. hehehe
beijos
adorei a visita, tua escrita aprimora a cada dia..
outro problema para o coletivo...defender que a palavra pode ser agrupamento de pessoas, idéias...e os chefes só entendem como ônibus, ainda se fizessem uso do mesmo....no fim, não entendem de jeito algum.
beijos
ônibus é mais que um meio de transprte e merece um estudo crítico com uma visão sociológica.
mas, pra nao chegar atrasado, eu prefiro ir de moto mesmo.
Milena,
Além disso, na maioria das vezes estão lotados, um trânsito terrível.
Abraço fraterno,
José Damião Vasconcelos
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