segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

O dia em que o trem parou. (Bem, mais um desses dias em que o trem, colega, para).


Bem avisei que sábado era dia de curso, no Senac, em Santo Amaro, longe pra... bem, longe, fuifui. E tentei voltar. Porque o tal do São Pedro ontem, gente, estava um tantinho mais irritado que o normal com São Paulo. Acho que eles andaram se estranhando. Só pode.

Chuva e trem, vinho e água, a relação é a mesma. Não rola. Melhor: não anda, não desliza, não faz piuí. Pois a volta envolveu trem e chuva. Muita. Torrencial. Mais um pouquinho e virava dilúvio. E raios, trovões, tudo o que se tem direito uma tempestade – São Pedro estava exibido, que só ele! E o trem, que já ameaçava, me para. Na Lapa, onde os carros estavam com água pelo pescoço e uma canoa já seria considerada um meio de transporte bem bacana. Eram sete e meia da noite. Tudo o que eu queria na vida era chegar na Barra Funda – para isso, faltava apenas uma estação. Mas a CPTM solicita a todos que desembarquem.

Pessoas, mas muitas pessoas. E confusão daquelas. Carrinho de bebê, crianças pequenas, mais na frente outro recém-nascido. O trem vai voltar pra estação de partida. Esperemos outra composição com destino à Barra Funda. Confusão, confusão, povo bem nervoso. Uns atrasados pro trabalho, outros desesperados pra chegar em casa. Ninguém parece muito feliz não, hein? Pensa que é fácil conseguir informação? E dar notícia? Nem todos os celulares estão com sinal.

Eis que a próxima composição resolve partir pro destino certo. E uma multidão embarca, toda faceira. Imprensada, sufocada, mas faceira. Piuí e tal, o trem me para de novo. Chiado, alto, aí-meu-ouvido quando o condutor resolve falar. O aviso que ele queria dar era de que o trilho estava inundado naquele trecho e não poderíamos prosseguir. Mas ninguém consegue escutar. As portas se abrem e as pessoas começam a pular do trem, para prosseguir a pé. Confesso, hein? Que algo me disse, vai lá também... não, não, melhor não. Fechamento das portas e o trem começa a voltar para a Lapa (não, não, não pode ser!).

O moço avisa (ai-meu-ouvido) que vamos parar para que os passageiros de um outro trem façam a transferência para o nosso. “Tenham paciência”. Sem problemas, desce, sobe, volta. Bom, não era bem isso que eles tinham em mente. Como assim o povo vai pular de um trem pro outro? Esse povo da CPTM endoidou, gente? É isso? Não, não, me fala: como assim, pular?

Assim, pulando. A senhorinha precisou de ajuda, mas foi corajosa. A enfermeira entrou em pânico, não queria pular. A garota que assistia a tudo, ao meu lado, ligou para a mãe e começou a chorar: “Mãe, as pessoas estão pulando, mãe, de um trem pro outro!”. Queria colo, teve o da amiga, que a tinha acompanhado no passeio. “Brasileiro é mais corajoso que americano. Eles só fazem isso em filme. Isso aqui é vida real!”, fala um senhor que, como eu, não tinha colo algum. Antes ele havia alertado a um casal: “Fecha a janela ou o pessoal vai querer entrar por aí”. E falou mais: “Ainda bem que o povo agora está mais civilizado. Se isso aqui fosse antigamente, nem queriam saber se era culpa do trem ou não: quebravam era tudo”. Ismael, o nome dele.

De volta à Lapa, a CPTM distribuiu bilhetes emergenciais. A circulação até a Barra Funda estava temporariamente suspensa. Um moço – que meia hora antes tinha me irritado profundamente com suas conversas pelo rádio – disse “pode deixar que eu pego o bilhete para você, deixa comigo!”.

Voltei de ônibus, depois que a água baixou um tanto. Sabe aquele negócio de aumentar o nível de dificuldade da partida? O povo lá de cima leva isso a sério. Nível 8. Só te falo isso! E que os “Sãos” acertem logo esses ponteiros...
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8 comentários:

Mythus disse...

Pode ser que São Pedro esteja fazendo um churrasco daqueles. Sabe como é... muito santinho gordo pulando, jogando água pra tudo quanto é lado, a galera tirando foto com flash, essas coisas.

Lembrei de um outro joguinho de videogame agora. Não lembro se era um sapo ou era uma galinha, que tinha que ficar pulando ou andando pra chegar do outro lado. É, filha, é bom ficar treinando em casa na TV, antes de sair.

Anônimo disse...

pularam com os trens em movimento?

O.o

Anônimo disse...

E o pior é "nós aqui" ligando pra pessoa de instante em instante para aliviar um pouco a tensão de saber que a pessoa tá nesse sufoco danado, mas vai passar... Eu já disse que me disseram que vai passar, e quem disse não mente!

εïз mi disse...

# pois gostei dessa teoria dos santinhos gordos na piscina! é, filho, vou patentear um joguinho com a minha versão caricata... rsrsrs

# não, não. o trem parou. imagina a vovozinha pulando em movimento, gente!

# que passa, passa. o problema é o quando e o enquanto isso.

tautologico disse...

Tem um jogo do sapo que atravessa a rua, Frogger. E tem o da galinha ou frango ou lo que sea, chamado Freeway, que não responde à eterna pergunta "por que o frango cruzou a estrada?", mas responde como ele cruzou a estrada.

εïз mi disse...

gente, lembro total dessa galinha/frango cruzando a estrada!

Anônimo disse...

Muito engraçado prima... Senti até o cheiro do trem!! Acho que estive lá...
Adoro o "coisas", fã número 1!

εïз mi disse...

ré (paulistano sempre abrevia, né)_ pois foi trágico, hein, na hora? passado o aperreio, Coisas nele! rsrs beijos!