quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Ser ou não ser? Ora crônicas!

Assim, do nada. Resolvi ser cronista. Deixar essa paura da página, digo, da tela em branco e seguir em frente. Dar a cara à tapa. Sempre me assustou esse negócio de escrever crônicas. Para mim, os cronistas são seres superiores, míticos, que vivem uma existência superiormente interessante às nossas. Você já viu um cronista andando na rua, por aí, à toa? Eu nunca dei de cara com o Mário Prata (acho que cairia pra trás) ou com o Veríssimo (tudo bem que ele vive lá pras bandas do Sul). Será que eles são de verdade? Acho que sim, eles existem: imagino que andam pelas ruas, observando cada passo, cada gesto, cada mínimo movimento, para depois esmiuçar as nossas vidas num jogo de palavras divertidas ou num papo-cabeça (que eu prefiro manter o hífen, por via das dúvidas).

Eu me divirto horrores com as crônicas. Acho coisa genial. Talvez por isso esse pavor de ousar ter a audácia de ter a pretensão de me meter a ser cronista. Perceberam que carga pesada? Que aura negativa? Pois tenho dito: hei de tentar, senhoras e senhores. Mesmo assim. Ver o mundo com esse olhar aguçado, sentir todos os cheiros, mesmo aqueles tão fortes que me fecham a glote, realizar todas as sinapses possíveis, aumentar ainda mais o contraste de todas as cores, perceber o mínimo e tentar elevá-lo ao todo, ao macro, às grandes questões da humanidade. Já pensou que máximo: “hoje a minha crônica deu o que falar no Bar do Zé!”

É profundo isso, de querer ser cronista. Daqui pro final desse texto, que não é uma crônica, é provável que já tenha até desistido (assim como já desisti várias vezes de fazer aula de canto). Será que ser cronista dá dinheiro? É que eu ando precisando pagar várias contas. E é porque não causo estrago, não vivo em salão de beleza, em mesas de bar – evito até entrar em livrarias ultimamente (temei o surto consumista dessa pessoa numa Cultura da vida!). Talvez uma mesa de pôquer me dê mais lucro do que essa vidinha de ser cronista, ser inteligente, fazer cara de intelectual... Alguém aí está a fim de uma jogatina? Tudo coisa honesta, claro.

4 comentários:

Anônimo disse...

Milena,
Talento você já demonstrou ter para escrever, o que faz muito bem. Agora, ganhar muito dinheiro com crônica - coisa boa - é complicado.
Talvez, uma mesa de jogatina seria excelente, entretanto, não me proponho, pois sou horrível em jogo de azar e o pouco – dinheiro - que tenho, às contas fazem a gentileza de levá-lo.
Abraço fraterno,
José Damião Vasconcelos

.ailton. disse...

não precisamos ir longe para achar ótimos cronitas. nós mesmo estudamos com dois raros exemplos: helber e luis. se bem que os textos de luis estao mais para contos. mas dê uma olhada na excelencia dos textos do rapaz!

e helber fazia excelentes cronicas para o JorMAL de Alzheimer. Cronicas tão boas quanto as de Verissimo. Eu achava. E ainda tem o adendo que helber tbm joga poquer. e parece que joga bem.

Rachel disse...

então milena, vem passear pelo Leblon que vc vai dar de cara com o Ubaldo. ehhehe
beijos

εïз mi disse...

josé_obrigada, obrigadíssima pelo "talento". acho que ainda tenho que comer muito feijão com arroz, mas enfim... quero muito dinheiro não. só um pouquinho pra ajudar a pagar as contas, sabe? rs

ton_sempre fui fã declarada, assumida e tiete de zélber. e de luís também. mas dele, confesso, mais admirei os traços que li os contos.

rachel_tentação, hein? praia, gente feliz e céu azul. poderia até não encontrar o ubaldo, mas crônicas seriam mais felizes.

beijos